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Apresentando: leguminosas

Conheça mais o grupo que inclui o feijão, tão presente na alimentação brasileira

As leguminosas são uma família de plantas que possuem frutos em forma de vagem. São fontes de proteína, fibras, vitaminas do complexo B e minerais, como ferro, zinco e cálcio. Pensando na alimentação humana, as leguminosas podem ser divididas em três grupos:

  • Leguminosas oleaginosas: “produzem sementes ricas em óleo, como a soja e o amendoim, e podem ser consumidas como grãos ou usadas na produção de óleos”;
  • Leguminosas grãos: “também chamadas legumes secos ou pulses, produzem sementes ricas em amidos, que são colhidas após a secagem das vagens e incluem feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha seca”;
  • Vagens: “leguminosas cujas vagens são colhidas ainda verdes, como o feijão-vagem e a ervilha torta, consumidas como hortaliças”.

(Lana, 2021)

O feijão-comum é um grande representante das leguminosas grão, pois, ao lado do arroz, é um componente tradicional da dieta da população brasileira. O feijão já fazia parte da alimentação de povos indígenas antes do processo de colonização e ganhou protagonismo a partir da presença europeia. Hoje, é a principal fonte de proteína vegetal das refeições brasileiras.

Feijão carioca: grãos e plantação. Imagens: Sebastião José de Araújo/Embrapa

A combinação de feijão com arroz possui um valor nutricional adequado, porém mudanças nos padrões alimentares sugerem queda no consumo dessa leguminosa. Entre 2007 e 2017, a maioria dos adultos brasileiros fez um consumo regular de feijão (5 ou mais dias na semana). No entanto, a partir de 2025, projeta-se uma inversão: a maioria dos adultos passará a ter um consumo não regular de feijão (entre 1 e 4 dias na semana).

Variedades

As ervilhas, as lentilhas e o grão-de-bico são outras leguminosas que possuem propriedades nutricionais e usos culinários semelhantes aos do feijão. Depois dele, estão entre as mais consumidas no Brasil.

Fora do Brasil, o grão-de-bico é um elemento importante para a cultura alimentar das regiões do Mediterrâneo, Oriente Médio e África. É usado no preparo do homus, uma pasta árabe. Imagens: Warley Marcos Nascimento/Embrapa e Beyrouthhh/English Wikipedia

O feijão-comum, que abrange o grupo do feijão carioca e do feijão preto, além de outras variedades, é listado entre os alimentos regionais brasileiros. Menos populares, outros tipos de leguminosas também entram para a lista, como a algaroba, o feijão-de-corda e o guandu, do Nordeste; e a orelha-de-padre, do Sudeste.

Feijão-de-corda, também conhecido como feijão-verde, feijão-caupi, caupi, feijão-macáçar, feijão-fradinho, fradinho ou vigna. Tem origem africana. Imagem: Maria Eugênia Ribeiro/Embrapa
Sementes de feijão guandu, leguminosa também de origem africana. Foi introduzida no Brasil a partir da rota do tráfico de pessoas escravizadas. Imagem: Ana Maria Dantas de Maio/Embrapa
Orelha-de-padre. Outros nomes populares são lablab e mangalô-amargo. Também é originária da África. Imagem: Magda Cruciol/Embrapa

Variar a alimentação com diferentes tipos de leguminosas é um modo de ampliar o aporte de nutrientes, ter contato com novos sabores e fugir da monotonia alimentar.

Diferentes preparações brasileiras também trazem mais diversidade para o consumo das leguminosas: tutu à mineira, feijão tropeiro, feijoada, sopa de feijão e acarajé são alguns exemplos, além do consumo na forma de saladas.

Salada de feijão branco. Imagem: Paul Goyette via Wikimedia Commons
Da compra ao preparo

No caso dos legumes secos (feijão, lentilha, grão-de-bico), a orientação de compra está relacionada ao aspecto visual dos grãos. A preferência é adquirir grãos de cor viva e tamanho uniforme, com casca lisa e sem enrugamento. Fique atento e evite grãos cobertos por mofo ou úmidos.

Os grãos secos e crus devem ser armazenados em recipiente fechado, em local escuro, seco e fresco. Nessas condições, duram bastante tempo, e devem ser preferencialmente consumidos até um ano após a compra.

Após cozidos, os grãos podem ficar até 3 dias na geladeira (Portaria CVS 5 de 09/04/2013). Para evitar ressecamento, é melhor que estejam imersos na água de cozimento. No congelador, basta colocar os grãos cozidos em recipientes próprios para congelamento, e ali podem ser mantidos por até 6 meses.

A primeira etapa de preparo dos grãos é a seleção e limpeza, removendo os grãos danificados, murchos e com outro tipo de dano. Também pode ser necessário remover pedras e gravetos. Depois, os grãos selecionados devem ser lavados em água.

A segunda etapa é a hidratação. O remolho é um passo importante, conforme explicamos neste post:

Como mostra a postagem, uma das vantagens de fazer o remolho é conseguir agilizar a última etapa, que é o cozimento das leguminosas. Como resultado do cozimento, os grãos dobram ou triplicam de tamanho, então é importante escolher uma panela grande o suficiente.

Para o feijão, outra maneira de economizar tempo é cozinhá-lo na panela de pressão. Também é possível preparar quantidades maiores das leguminosas de uma única vez, separando porções para congelar. Lembrando que grãos mais velhos demandam mais tempo para ficar de molho e cozinhar.

Essas estratégias são importantes porque a falta de tempo para cozinhar é um fator relevante a ser considerado frente às tendências de redução no consumo de feijão, um alimento tão importante no consumo alimentar saudável dos brasileiros.

Para tornar a preparação ainda mais saudável, sugere-se usar sal e óleo na menor quantidade possível. Já os temperos naturais, como cebola, alho, louro, salsinha, cebolinha, pimenta, coentro, e outros, podem ser adicionados em quantidades generosas, conforme orienta o Guia Alimentar para a População Brasileira.

Cultivares de feijão-caupi. Imagem: Luciana Fernandes/Embrapa
Segue o material de referência

Brasil. Ministério da Saúde. Alimentos Regionais Brasileiros. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.

Cascudo LC. História da Alimentação no Brasil. Ed. Global; 2011.

Granado FS, Maia EG, Mendes LL, Claro RM. Reduction of traditional food consumption in Brazilian diet: trends and forecasting of bean consumption (2007–2030). Public Health Nutrition. Cambridge University Press; 2021;24(6):1185–92. https://doi.org/10.1017/S1368980020005066

Lana MM. Hortaliça combina com leguminosas: grão-de-bico, lentilha, ervilha seca e feijão. Brasília: Embrapa Hortaliças; 2021. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1131511/hortalica-combina-com-leguminosas-grao-de-bico-lentilha-ervilha-seca-e-feijao

Real Food Encyclopedia. Chickpeas. Disponível em: https://foodprint.org/real-food/chickpeas/

Velásquez-Meléndez G, Mendes LL, PessoaI MC, Sardinha LMV, Yokota RTC, Bernal RTI, Malta DC. Tendências da frequência do consumo de feijão por meio de inquérito telefônico nas capitais brasileiras, 2006 a 2009. Cien Saude Colet. 2012;17(12):3363-3370. https://scielosp.org/article/csc/2012.v17n12/3363-3370/#

Texto: Helena Mega