Em artigo recém-publicado na seção Perspectivas da revista científica Cadernos de Saúde Pública, o professor Rafael Buralli, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da FSP-USP, e Patrick Connerton, doutor egresso do Programa de Pós-graduação em Saúde Global e Sustentabilidade da FSP-USP, discutem a atual situação da regulação e vigilância da poluição do ar no Brasil.
Intitulado “Poluição do ar, saúde e regulação no Brasil: estamos avançando?”, o artigo mostra que o Brasil está falhando por falta de ambição e atitude, tanto na proposição e efetivação das políticas, quanto no monitoramento dos poluentes e proteção da população.
No Brasil, a poluição do ar é um grave problema de saúde pública nas cidades e no campo, com cerca de 326.478 óbitos causados só entre 2019 e 2021. “Evidências apontam a relação da exposição à poluição do ar com hospitalizações e óbitos em cidades, especialmente entre idosos. Queimadas sazonais são atualmente a principal fonte de emissão de poluentes atmosféricos na região central do Brasil e na Amazônia, onde cerca de 60% dos moradores estão expostos a níveis inseguros de qualidade do ar por seis meses no ano, afetando particularmente crianças e idosos”, traz o texto.
“Embora as recentes estratégias e políticas públicas sinalizem algum progresso, elas não são suficientes para proteger a saúde das pessoas, especialmente dos grupos mais vulneráveis. O monitoramento oficial de poluentes é precário na maior parte do país e a nova Resolução de qualidade do ar do CONAMA não se justifica em termos de saúde pública, nem atende os padrões considerados seguros ou estabelece prazo para implementá-los”, afirmam os autores.
Trata-se de um grave problema de saúde pública que persiste no Brasil há décadas. “Sem metas ambiciosas, uma vigilância e fiscalização fortalecidas e a efetivação das políticas e agendas existentes, os impactos na saúde só aumentarão”, afirma o professor Buralli.
Leia o artigo na íntegra: https://doi.org/10.1590/0102-311XPT172924