Em seus primórdios, a Faculdade de Saúde Pública da USP nasceu como disciplina ligada à Faculdade de Medicina, onde, desde 1918, funcionava o Laboratório de Higiene, vinculado à disciplina de Higiene. O primeiro curso a ter uma visão de formação de sanitaristas teve início apenas em 1925.
Voltado à formação de Educadores Sanitários, oferecia especialização interdisciplinar para a formação de professores primários. O objetivo era transmitir conhecimentos de profilaxia aos professores, para que pudessem ensinar aos seus alunos e esses, por sua vez, disseminariam os conhecimentos em suas famílias.
O primeiro curso de Especialização em Saúde Pública para médicos foi realizado em 1928, com duração de um ano, sendo o mais antigo curso de saúde pública do Brasil, em nível de pós-graduação. Posteriormente, essa especialização passou a ser oferecida também para engenheiros, enfermeiros e muitos outros profissionais que tivessem interesse em adquirir conhecimentos de saúde pública para atuação como especialistas sanitaristas.
Helena Watanabe, docente do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade, acompanha a trajetória da FSP-USP há 38 anos e destaca que o sanitarista possui uma perspectiva de atuação ampliada, graças à sua formação multidisciplinar e ao contato com temas diversos como políticas públicas, qualidade da alimentação e mudanças climáticas, por exemplo.
Enfermeira e especialista em saúde pública, Helena ingressou na Faculdade como professora do programa de habilitação em enfermagem de saúde pública, curso que posteriormente foi descontinuado, conta.
Apesar desse longo histórico na produção de conhecimento, pesquisa e ensino em saúde pública, o curso de Bacharelado em Saúde Pública foi aprovado apenas em 2010, tendo início em 2012. Os grandes entusiastas pela criação do curso em nível de graduação foram os professores José Maria Pacheco de Souza e Chester Luiz Galvão César, então diretor da Faculdade quando o curso foi criado.
Os profissionais sanitaristas atuam na área da saúde coletiva, focando o planejamento e a gestão de ações de saúde. Eles possuem a atribuição de contribuir para a elaboração e a implementação de políticas públicas voltadas para a área.
Por ter um olhar sistêmico e generalista, esse profissional é necessário em muitos serviços de saúde, afirma Helena. Além disso, possuem habilidades para captar dados sobre os modos de vida das populações do território, como elas vivem e trabalham e a quais riscos estão expostas.
Segundo a Professora, o curso de Bacharelado em Saúde Pública tem passado por transformações, caminhando para áreas mais voltadas à gestão de serviços e à vigilância. Para ela, isso indica uma adaptação do curso às necessidades e à realidade contemporânea.
Apesar da relevância do profissional sanitarista, apenas em 16 de novembro de 2023 a profissão foi regulamentada, por meio da Lei nº 14.725/2023.
A lei define sanitarista como o responsável por planejar e coordenar atividades de saúde coletiva nas esferas pública ou privada, além de monitorar as notificações de risco sanitário e atuar em ações de vigilância em saúde. Segundo a legislação, podem exercer a profissão os formados em cursos de graduação, mestrado ou doutorado da área de Saúde Coletiva, os graduados em Residência Médica em Saúde Coletiva e aqueles com certificado de especialização. Os formados no exterior deverão validar o diploma no Brasil para poderem trabalhar.
Foto da home: Acervo Centro de Memória da Faculdade de Saúde Pública da USP