Caminhão de lixo utilizado em São Francisco. Imagem: Dllu. Sem modificações.

“Como São Francisco se tornou paradigma na gestão de resíduos sólidos urbanos”, artigo de Adriana Fonseca Braga, doutora pelo programa de Saúde Global e Sustentabilidade da FSP-USP,  faz um estudo de caso sobre o sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de São Francisco (Califórnia, EUA). Recém-publicado na revista Tecnologia e Sociedade, sob a orientação da professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP, o artigo traz em detalhes questões de gerenciamento, tecnologia, ambiente institucional e políticas publicas que permitiram àquela cidade atingir a taxa de 84% de reciclagem de resíduos sólidos urbanos desde 2014, tornando-se assim um modelo para o mundo.

De acordo com o artigo, a alta taxa de reciclagem atingida é resultado de uma série de políticas públicas implementadas há mais de 20 anos naquela municipalidade. O não fornecimento de sacolas plásticas ao cliente por nenhum estabelecimento, a restrição da venda ou distribuição de água potável em garrafas plásticas de 620 milímetros ou menos, a proibição do uso de diversos tipos de isopor para embalagens de alimentos e o uso de materiais compostáveis ou recicláveis foram algumas das  práticas adotadas que permitiram reduzir o uso desses resíduos.

Além disso, o sistema de separação, o reuso de materiais, tecnologias de reciclagem e de gerenciamento, além da legislação, engajamento da sociedade, continuidade de políticas públicas com objetivos claros, metas exequíveis e programas complementares conduziram ao sucesso do programa. O gerenciamento dos resíduos sólidos naquela cidade utiliza processos tecnológicos complementares, tecnologias sociais, obrigatoriedade de segregação dos resíduos sólidos na fonte geradora, constante fiscalização e motivação com veiculação de anúncios educativos, continuidade de políticas públicas, de acordo com o texto.

A produção de resíduos sólidos no mundo, atualmente em torno de 1,3 bilhões de resíduos anuais, deverá receber um acréscimo de 900 milhões em 2025, ultrapassando a grandeza dos 2 bilhões totais globalmente. Diante dessa perspectiva, as autoras apresentam o programa de gerenciamento da cidade de São Francisco como um exemplo a seguir. Países de renda média, como o Brasil, poderiam se inspirar no caso de São Francisco, possibilitando a ampliação das taxas de reciclagem, a diminuição dos desperdícios de recursos financeiros e a adequação da destinação final do lixo em geral.

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