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Tese avalia como as pessoas lidaram com a prática de atividade física no período de medidas restritivas da pandemia de COVID-19

Na tese “Atividade física na pandemia de Covid-19: a experiência de moradores da região central de São Paulo”, recém-defendida pelo Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, a doutoranda Alessandra Xavier Bueno constatou que as pessoas sabem da importância da atividade física para a saúde, mas enfrentam dificuldades para praticá-las. A pesquisa, orientada pelo Prof. Marco Akerman, do mesmo departamento, mostrou que a saúde mental e o trabalho foram os principais obstáculos para as pessoas que participaram do estudo, aspecto que foi muito afetado pela pandemia.

A pesquisa foi realizada durante o período das medidas restritivas de isolamento durante a pandemia de COVID-19, por meio de entrevistas online com moradores do centro de São Paulo que vivenciaram o confinamento e compartilharam suas experiências. À doutoranda interessava questões relacionadas à prática de atividade física durante o “fique em casa”. Mas por conta do desenho metodológico, em que as pessoas iniciavam a conversa pelo ponto que escolhessem, uma diversidade de assuntos relacionados ao cotidiano surgiram.

“O trabalho e a saúde mental foram tópicos que mais apareceram durante as entrevistas e mesmo não sendo o foco principal da pesquisa, a escuta dos participantes produziu um repertório importante para mim sobre o cotidiano na pandemia, como pesquisadora, mas também como alguém que viveu a experiência do confinamento”, conta a pesquisadora.

Em relação às questões da atividade física, apesar de ser um tópico importante para a promoção da saúde e prevenção de doenças, a maior parte das pessoas ouvidas na pesquisa não conseguiu criar uma rotina de exercícios físicos regulares durante a emergência sanitária, segundo Alessandra. “A análise de dados demonstrou que fazer exercícios físicos regulares em casa no período de lockdown está fortemente relacionado à experiência corporal de movimento ao longo da vida e à percepção de saúde mental relatados naquele período”, afirma.

A partir desse trabalho, a pesquisadora buscará participar de ações que informem políticas públicas de saúde e atividade física, não só no contexto de emergências sanitárias. “É importante considerar que produzir uma rotina de exercícios físicos regulares no cotidiano não depende apenas da escolha do indivíduo ou do acesso  às  informações sobre atividade física, mas também de fatores sociais, políticos, econômicos e afetivos”, conclui a pesquisadora.