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FSP-USP participa da tradução de guia com orientações que ajudam a melhorar a qualidade do ar nas cozinhas

A Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP), em parceria com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP), o Ministério da Saúde e a Universidade de Surrey (Reino Unido), participam da tradução em português de guia com orientações para ajudar a melhorar a qualidade do ar interno durante a preparação de alimentos. O guia “Mitigação da Exposição às Emissões por Preparação de Alimentos em Domicílios de Baixa e Média Renda – Um Guia para Ocupantes Domésticos, Proprietários, Construtores e Conselhos Locais” apresenta 10 recomendações gerais e 10 recomendações específicas, feitas por 34 coautores de 19 países diferentes.

O guia conta com versões no idioma inglês, árabe, hindi e agora em português. No Brasil, a tradução contou com a participação de professores da FSP-USP e do IAG-USP, em conjunto com os alunos de doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade da FSP-USP Patrick Connerton e Thais Cavendish, além de membros do Departamento de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

O guia é resultado de um estudo coordenado pelo professor Prashant Kumar, da Universidade de Surrey, e foi conduzido em 60 cozinhas de residências de baixa renda na Ásia, América do Sul, Oriente Médio e África. O professor Kumar destaca que “poucas pessoas pensam na fumaça gerada ao cozinhar refeições para sua família, mas os riscos à saúde associados são muito reais. No entanto, ações simples podem melhorar significativamente a saúde dos moradores das casas. Por exemplo, abrir uma janela, cozinhar no vapor em vez de fritar e manter fora da cozinha aqueles que não estão cozinhando ativamente pode proteger as pessoas da inalação de substâncias nocivas”, afirma.

A fritura é a atividade que mais emite partículas e que pode contribuir com mais de 50% do total de emissões de partículas finas nocivas durante o cozimento. Usar exautores ou coifas e manter portas e janelas abertas durante o cozimento pode reduzir a exposição à poeira nociva em até 2 vezes, em comparação com manter apenas as portas abertas. Cozinhar é uma das atividades do nosso dia-a-dia que mais carregam laços culturais e, como destaca a professora Maria de Fatima Andrade, do IAG-USP, “buscar tornar esse ambiente saudável traz benefícios para todos. Este guia aponta a importância de melhorar o nosso ar interno”.

Adotar uma alimentação saudável ao longo da vida é uma das formas mais importantes de prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida de todos, portanto, a preparação de alimentos nas residências contribui para uma alimentação saudável, como destaca a professora Adelaide Nardocci, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP: “Este guia é uma ferramenta importante para levar informação científica recente aos grupos vulneráveis mais afetados por combustíveis de cozinha não sustentáveis e também para apoiar a gestão local na melhoria da qualidade do ar interno para toda a população”.

A versão em português vem preencher uma lacuna de informações sobre os prejuízos da poluição do ar causados pelo preparo de alimentos na saúde dos moradores das residências, como destaca o professor Thiago Nogueira, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP-USP: “Este é um documento pioneiro no Brasil e será útil para conscientizar os moradores, construtores e autoridades locais sobre medidas eficazes para prevenir ou reduzir a poluição do ar interno.”

Para Patrick Connerton, aluno de doutorado em Saúde Global e Sustentabilidade da FSP-USP, o guia tem como alvo um cenário de exposição frequentemente negligenciado e fornece passos concretos para atores em todos os níveis tomarem ações significativas para lidar com a poluição do ar interno. “A divulgação deste guia apoiará intervenções e desenvolvimento de políticas públicas voltadas para este problema crítico de saúde ambiental”, afirma.

O Ministério da Saúde do Brasil reconhece a poluição do ar interno como um fator de risco significativo para a saúde, conhecido por afetar desproporcionalmente mulheres e crianças. Como destacado pela Dra. Maria Juliana Moura Correa, Diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, o documento traz “mensagens claras sobre como lidar com uma das principais fontes de poluição do ar interno por meio de uma série de estratégias integradas. Como nosso ministério trabalha para fortalecer as ações de vigilância em saúde ambiental voltadas para esse tema, este guia certamente servirá de referência para subsidiar nossas políticas”, diz.

O material também foi reconhecido pelo Plano Nacional da Qualidade do Ar Interno (PNQAI), uma iniciativa da sociedade civil engajada na busca por qualidade do ar em ambientes internos, que parabenizou a iniciativa e o relevante estudo realizado pela USP e Universidade de Surrey, com apoio do Ministério da Saúde do governo brasileiro. Presidente da organização, o Engenheiro Leonardo Cozac destacou a importância do guia “em alertar para o risco à saúde e bem-estar de ocupantes de residências na queima de combustíveis sólidos na preparação de alimentos.”

O documento “Mitigação da Exposição às Emissões por Preparação de Alimentos em Domicílios de Baixa e Média Renda – Um Guia para Ocupantes Domésticos, Proprietários, Construtores e Conselhos Locais” pode ser obtido em sua versão em português pelo link: https://www.surrey.ac.uk/sites/default/files/2023-04/mitigating-exposure-to-cooking-emissions-in-kitchens-guidance-portuguese-version.pdf

Para visualizar as outras versões do guia, acesse o site dele em inglês: https://www.surrey.ac.uk/global-centre-clean-air-research/resources/kitchen-pollution-guidance