A cárie dentária não tratada é a doença mais comum em todo o mundo e o uso de flúor na população é essencial para o seu controle. O trabalho “O Uso de Fluoretos na Saúde Pública: 65 anos da História e Desafios no Brasil”¹ (tradução), escrito pelo professor Paulo Frazão, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, investigou as condições econômicas e políticas que marcaram a trajetória das estratégias de saúde pública voltadas a assegurar o acesso da população aos fluoretos de 1952 a 2017. O trabalho fornece uma visão abrangente sobre as contribuições da história brasileira para o conhecimento científico e os desafios atuais e futuros.

Imagem: Kev Bation/Unsplash
A cobertura da fluoretação da água aumentou progressivamente, consolidando-se como uma importante estratégia de uso sistêmico apesar das desigualdades entre os territórios. As atividades destinadas a promover o acesso ao uso tópico de flúor aumentaram após a aprovação da Constituição de 1988 e mantiveram a estabilidade até 2014, quando caíram acentuadamente. A regulação da qualidade do dentifrício fluoretado permaneceu insuficiente.
O estudo encerra levantando a hipótese de que o fortalecimento do liberalismo conservador e o aumento da austeridade fiscal observados nos últimos anos poderiam produzir sérios constrangimentos ao investimento público e limitar o acesso aos fluoretos. E para reduzir as desigualdades e promover benefícios para todos, incluindo os grupos mais vulneráveis, seriam necessárias, mais do que nunca, políticas baseadas em perspectivas teóricas igualitárias e de justiça social.
O artigo é aberto para leitura e pode ser acessado por aqui.
¹ The Use of Fluorides in Public Health: 65 Years of History and Challenges from Brazil