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Estudo sobre vitamina D com a participação de pesquisadores da FSP-USP traz resultados surpreendentes 

Imagem de Monsterkoi por Pixabay

Artigo recém-publicado na revista científica  eClinicalMedicine (parte de THE LANCET Discovery Science) mostra que a deficiência de vitamina D em idosos não é algo inevitável. O projeto multicêntrico Healthy Living Healthy Aging, desenvolvido por três universidades (Universidade de São Paulo, University of Surrey, Inglaterra, e University of Wollongong, Austrália), concluiu que a concentração de 25(OH)D (vitamina D) no plasma aumentava em 5nmol por litro para cada dose extra de radiação ultravioleta (RUV) a que as mulheres estivessem expostas, independentemente da idade e da massa corpórea.

O artigo Association between vitamin D status and lifestyle factors in Brazilian women: Implications of Sun Exposure Levels, Diet, and Health (Associação entre o status de vitamina D e fatores de estilo de vida em mulheres brasileiras: Implicações de níveis de exposição solar, dieta e saúde), coordenado pela professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental, tem autoria da doutoranda do programa de Saúde Global e Sustentabilidade Keila Valente de Souza Santana, e demais coautores das instituições envolvidas.

“O valor reconhecido deste estudo foi verificar a prevalência do estado de vitamina D em 101 mulheres adultas saudáveis em uma cidade de médio porte no Brasil, Araraquara, localizada em baixa latitude e onde há exposição à radiação solar durante todo o ano”, informa a Profa. Helena Ribeiro.

“As mulheres na pós-menopausa apresentaram uma concentração média significativamente maior de 25(OH)D, maior exposição à radiação ultravioleta RUV e menor IMC, em comparação com mulheres mais jovens, independentemente de outros fatores de confusão, incluindo tabagismo, consumo de álcool, ocupação e atividade física. A exposição foi medida por dosímetros individuais durante 4 dias, independente de idade e de massa corpórea”, explica a autora, Keila Valente S. de Santana.

Segundo a Profa. Helena, os achados têm importantes implicações para políticas de saúde pública, pois sugerem que a deficiência de vitamina D em idosos não é inevitável. “O desafio de desenvolver políticas de saúde para prevenir e enfrentar a deficiência de vitamina D e seus inúmeros efeitos negativos à saúde é complexo e interdisciplinar e demanda mais estudos para entender como a exposição à radiação solar e variáveis de estilo de vida interferem nos níveis de vitamina D no organismo”, afirma a professora.

 

Estudo multicêntrico

Publicado em 18 de abril de 2022, o estudo foi realizado em cidades de tamanhos semelhantes, mas com latitudes e hábitos de vida diferentes. No âmbito do projeto multicêntrico, optou-se por coletar amostras na estação do inverno, considerando a dificuldade de sintetizar a vitamina D nesse período em países como a Inglaterra.

No caso do Brasil, foi definido o mês de julho para coleta de dados, em plena estação do inverno no Hemisfério Sul. Os dados foram coletados em julho de 2019 em 101 mulheres residentes em Araraquara, cidade do interior de São Paulo conhecida como “Morada do Sol”, por sua latitude privilegiada em termos de incidência de radiação solar. As mulheres tinham acima de 35 anos de idade e foram avaliados fatores de estilo de vida para avaliar a concentração sérica da vitamina D, incluindo o nível de exposição à radiação ultravioleta, a ingestão de cálcio e vitamina D, ocupação, tabagismo, consumo de álcool, níveis de atividade física e escore de angústia. Idade, cor da pele e estado pós-menopausa também foram investigados.

Para avaliar o status de vitamina D nos participantes da pesquisa, as concentrações séricas circulantes de 25(OH)D foram medidas pelo método de quimioluminescência. O instrumento foi Centaur XP, fabricante Siemens, Cidade e país do fornecedor foi São Paulo, Brasil; calibrado por ensaio de proficiência Controllab e PNCQ (Programa Nacional de Controle de Qualidade). A exposição à RUV foi expressa em unidades de Dose Eritema Padrão (SED), sendo 1 SED equivalente a 100 Jm–2 de RUV eritematosa, que é considerada uma dose diária aceitável de exposição.