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Pesquisa da FSP-USP analisa desigualdades das condições sociais e de saúde entre idosos brancos e negros da Cidade de São Paulo

Foto: Por Claudete Batista Moura.

Identificar os fatores determinantes das condições sociais, de saúde e autoavaliação negativa do estado de saúde em idosos não institucionalizados do município de São Paulo sob a perspectiva da autodeclaração da cor da pele / raça, foi o objetivo da Tese de Doutorado “Idosos brancos e negros da Cidade de São Paulo: desigualdades das condições sociais e de saúde”, de autoria do Prof. Dr. Roudom Ferreira Moura, sob orientação do Prof. Prof. Dr. José Leopoldo Ferreira Antunes, pelo Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, no dia 09/06/2021.

Segundo Roudom, “no mundo, Brasil e, em especial, na cidade de São Paulo pouco se sabe sobre os determinantes sociais e de saúde na população idosa (≥ 60 anos) sob a perspectiva da cor da pele / raça”. O presente estudo levantou a hipótese de que havia diferenças nas prevalências das condições sociais e de saúde entre os idosos de diferentes grupos raciais.

Para realizar a Tese, o autor fez um estudo transversal, de base populacional, com amostra probabilística por conglomerados, que utilizou dados do Inquérito de Saúde realizado no município de São Paulo/SP, Brasil (ISA-Capital 2015).

Participaram do estudo 1017 idosos com idade mediana de 68 anos, sendo que 63,2% dos idosos se autodeclararam brancos, 21,4% pardos e 7,3% pretos. O pesquisador verificou que cor da pele parda e preta (raça negra) permaneceu positivamente associada às prevalências de desigualdade social, de saúde e de autoavaliação negativa das condições de saúde dos idosos.

A pesquisa também revelou que os idosos da raça negra apresentaram maior prevalência de piores condições de escolaridade, renda, autoavaliação de saúde negativa e hipertensão arterial. Além disso, os idosos negros possuíam menos plano particular de saúde e acesso a serviços privados de saúde do que os brancos.

Diante de tais resultados, o pesquisador concluiu que a determinação social, de saúde e de autoavaliação negativa das condições de saúde em idosos do município de São Paulo, apresentou caráter multidimensional de piores indicadores para a categoria racial negra. As desigualdades encontradas entre as categorias raciais apontaram para situações sistemáticas de desvantagens para os idosos negros. O racismo estrutural e institucional e iniquidade em saúde foram as condições explicativas para essas desigualdades.

Para o agora Dr. Roudom, “para superar ou melhorar tais condições, é preciso reconhecer as desigualdades raciais, pois, as mesmas se revelam um desafio para sistemas de políticas sociais baseados em princípios de equidade e inseridos em contexto de rápida transição demográfica e epidemiológica, estimulando-se o uso da variável cor da pele / raça nas análises de saúde de idosos no Brasil, tendo em vista a importância de ações programáticas de promoção da saúde para os estratos socioeconômicos mais carentes, com o intuito de propiciar a modificação de sua pior condição racial social e de saúde”.

Mais informações e entrevistas para a imprensa, com o Dr. Roudom, pelo e-mail: imprensafsp@fsp.usp.br