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Seminário debate precarização do trabalho de pesquisa no país

Preocupados com o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, pesquisadores realizam seminário híbrido “Práticas Colaborativas e em Rede de Pesquisa, e os Desafios aos/dos Pesquisadores no Brasil”, composto por quatro mesas, focando a ciência aberta, os desafios e possibilidades em uma perspectiva interseccional, a pesquisa e o mundo do trabalho e o desenvolvimento de políticas públicas. Denise Niy, mestre e doutora pela FSP – USP, irá coordenar uma das mesas que contará com a participação de Mariana Dolci, doutora pela FSP-USP e representante de pós-doutorandos no CPqI da FSP-USP.  Os debates acontecem em diversos locais, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro (confira a programação completa no site do evento). Inscrições gratuitas pelo site www.pesquisadoresprecarizados.com.br

A iniciativa é de um grupo de pesquisadores “com mérito, mas sem bolsa”: com projeto de pesquisa aprovado pelo CNPq no edital 16/2020, muitos não obtiveram financiamento para seu trabalho. Na ocasião, foram submetidas 4.279 propostas, entre as quais 3.080 (72%) foram aprovadas, mas apenas 396 (13%) proponentes obtiveram bolsa. Meses mais tarde, alguns outros pesquisadores foram contemplados em uma segunda rodada de distribuição de bolsas, porém, a precarização do trabalho de pesquisador permanece como regra. O grupo continua acolhendo cientistas das mais diversas áreas e hoje se chama “Pesquisadores Precarizados”. Os vínculos formais de trabalho para pesquisadores cien2ficos ainda são raros no país. Assim, muito do que se produz nas universidades e nos institutos de pesquisa envolve a contribuição de pós-doutorados bolsistas ou mesmo voluntários. São pessoas que, tendo titulação acadêmica, submetem-se a condições precarizadas de trabalho para se manterem ativas nos grupos de pesquisa e continuarem alimentando seus currículos – fator de suma relevância nas avaliações.

“Tive bolsa do CNPq por 15 meses, e sigo trabalhando mesmo sem bolsa, na redação de artigos e organização de eventos, entre outras tarefas”, relata Denise Niy, que realizou o pós-doutorado na Faculdade de Saúde Pública da USP. Quando falamos de construção do conhecimento e do desenvolvimento cien2fico e tecnológico, muitas vezes pensamos em investimentos em infraestrutura, com equipamentos caros e laboratórios gigantescos. Para muitas atividades isso de fato é necessário, mas sem recursos humanos qualificados o retorno pode ser praticamente nulo, o que vale para todas as áreas do conhecimento.

 

Seminário Práticas Colaborativas e em Rede de Pesquisa, e os Desafios aos/dos Pesquisadores no Brasil
Data: 
dias 30 de novembro e 01 de dezembro
Horário: Das 10h às 16h
Local: confira a programação no site: www.pesquisadoresprecarizados.com.br