Um novo estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) apresenta uma proposta inovadora para a elaboração de planos alimentares baseados no Guia Alimentar para a População Brasileira. O artigo “Traduzindo o Guia Alimentar para a População Brasileira para a prática clínica: estratégias inovadoras para profissionais de saúde”, de autoria das pesquisadoras Vanessa Couto, Patrícia Jaime e Maria Laura Louzada, foi publicado na revista Archives of Endocrinology and Metabolism, neste fevereiro. 

Os planos alimentares convencionais costumam focar principalmente no alcance de metas nutricionais, mas os avanços científicos na Nutrição demonstram a necessidade de considerar outras características que influenciam a saúde. Planos alimentares baseados no Guia Alimentar para a População Brasileira são pensados a partir de estratégias que não colocam o foco principal em atingir as recomendações de nutrientes, mas sim no padrão alimentar geral, considerando prioritariamente o nível de processamento de alimentos. 

O que é um plano alimentar?

O plano alimentar é a prescrição de menus diários personalizados para cada indivíduo. Consiste em uma lista detalhada de alimentos e preparações culinárias, com quantidades recomendadas para cada refeição do dia. Geralmente são complementados por uma lista de substituição para alimentos “equivalentes” (ex: é possível substituir feijão por lentilha ou grão de bico), para garantir a diversidade da dieta. 

Como criar um plano alimentar baseado no Guia Alimentar?

O estudo apresenta um passo a passo para a construção de planos alimentares alinhados às diretrizes do Guia, incluindo:

  1. Avaliar o consumo alimentar dos indivíduos com base nas Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na Atenção Básica
  2.  Estruturar as refeições (quantidade e horários aproximados).
  3. Selecionar alimentos/preparações culinárias com base no Guia Alimentar (organizando-os em refeições).
  4. Estimar o total de energia desejado para o plano de refeições com base no cálculo das necessidades energéticas estimadas para cada pessoa.
  5. Propor quantidades para os alimentos/preparações culinárias escolhidos no passo 3 com base nas estimativas de energia estabelecidos no passo 4. Isso requer o uso de tabelas de composição de alimentos. 
  6. Traduzir as quantidades propostas em medidas caseiras (colher, xícara, etc.) para facilitar a aplicação do plano alimentar na rotina. 
  7. Compare o perfil de nutrientes do plano proposto com as recomendações de macronutrientes e micronutrientes específicos, se desejar. 
  8. Se necessário, fazer ajustes nos alimentos/preparações e suas quantidades.
  9. Criar uma lista de substitutos com porções equivalentes para grupos de alimentos in natura ou minimamente processados (cereais, leguminosas, frutas, vegetais, carnes, etc)

 

Importância da abordagem

Segundo as autoras,  a adoção dessa estratégia “representa um avanço na prática clínica de nutricionistas e profissionais de saúde, tornando as recomendações do Guia Alimentar mais acessíveis e aplicáveis no dia a dia da população”. Ekas destacam que, além do passo a passo, os profissionais precisam considerar aspectos sociais, econômicos e culturais na definição dos planos alimentares, garantindo uma abordagem mais inclusiva e eficaz para a promoção da saúde.