Pesquisadores são da área de políticas públicas de promoção da alimentação saudável, e são vinculados a universidades de ponta de todo o mundo
Um grupo de 33 pesquisadores estrangeiros enviou, nesta quarta-feira (23), uma carta à ministra Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, que está à frente da pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para defender a integridade do Guia Alimentar para a População Brasileira.
Documento de educação nutricional e de orientação de políticas públicas, o Guia vem sendo alvo de ataques. Na última semana, veio a conhecimento público uma comunicação do Mapa, que pedia ao Ministério da Saúde a revisão do Guia, com o objetivo de alterar as recomendações de redução do consumo de ultraprocessados e alimentos de origem animal.
O ofício do Mapa é baseado em uma Nota Técnica (nº 42/2020), que faz críticas sem embasamento científico às recomendações do Guia, e ignorando a vasta literatura científica produzida globalmente, comprovando o efeito nocivo dos alimentos ultraprocessados na saúde humana.
Os pesquisadores que assinaram a carta integram universiades internacionalmente reconhecidas, como Harvard, Yale e New York University. Instituições europeias, sul-americanas e australianas também apoiam o comunicado.
Na missiva, que pode ser lida na íntegra (em inglês) por meio deste link, os cientistas apontam que a nota técnica do Mapa foi escrita sem um claro entendimento das pesquisas científicas sobre o tema, o que torna injustificadas as críticas ao Guia.
“É difícil entender por que a nota técnica não menciona o recente e rápido crescimento no consumo de ultraprocessados no Brasil, e na maior parte dos países do mundo, nem o impacto negativo destes alimentos na saúde”, diz o grupo.
Eles relatam, ainda, que a classificação NOVA (que separa os alimentos em quatro categorias, tendo como base seu grau de processamento) é adotada em diversos países como uma ferramenta de educação nutricional e orientação de políticas públicas, citando como exemplos países como França, Israel, Canadá e México, entre outros.
Para além do envio da carta à ministra Tereza Cristina, os cientistas endereçaram o texto ao ministro-interino da Saúde, Eduardo Pazuello, além de outros quatro representantes de ambos os ministérios.