CPaS-1 – Coletive de Pesquisa em Antropologia, Arte e Saúde Pública

Exposição de textos – Bárbara Oliveira [Corpes e Cores]

Bárbara Oliveira está no primeiro ano do curso de Saúde Pública. Brinca com as palavras desde os 14 anos e aos 17, participou da criação da antologia poética “Mais Uma” junto a 34 autoras. Atualmente escreve contos na plataforma Wattpad e arrisca-se na escrita de seu primeiro livro “Em Carne Viva”.

Os textos a seguir, são de sua autoria. Serão apresentados em imagens mas também, e textos corridos como o conto HotLine.

Esta noite me perderei em nostalgias

Somente o vinho consegue anestesiar esta ferida

Uma lingerie com seu perfume sangra as minhas narinas

Volte para mim, torne meu amanhecer com luz em nossa alcova onde os lençóis de cetim que hoje arranham a minha pele, escorregavam revelando seu corpo nu que reluzia o suor de nossas aventuras

Volte para mim, torne meu amanhecer com luz em nossa alcova onde sua mão no meu peito era singular, mas as minhas mãos nos seus peitos eram um plural lascivo que nos levava aos ecos da luxúria, do prazer irresistível

Volte para mim, torne meu amanhecer com luz em nossa alcova onde em nossa cama, sempre tão quente como fogo, hoje também queima com o gelo de sua ausência que tem o mesmo sabor dos cristais de gelo que passeavam por sua boca e que esfriou a minha boca ao dizer ‘adeus’

Volte para mim, torne meu amanhecer com luz…

Meu amor…

Conto

19 horas. Desligou o notebook e a vontade de arremessá-lo contra a parede só não era maior que o preço de comprar um novo. Sexta feira à noite combinava com tudo, menos ficar em casa higienizando as compras do mercado. Suspirou ao observar o emaranhado de sacolas jogadas na área de serviço. A situação sanitária e política do país lhe davam vontade de ficar bêbada, mas Lis não queria ver notícias, tampouco passar álcool gel 70% em embalagens de farofa pronta. Estava frio lá fora, mas seu corpo estava quente de desejo. Sem poder sair de casa, só lhe restavam duas opções: amargar o fogo em um banho gelado ou se incinerar de vez. A segunda opção lhe abria o apetite, mas para quê saborear sozinha?

 O tempo parecia parar para admirar o tecido da camisola tropeçando em cada curva de seu corpo. Sentia falta de mãos que lhe arrancassem a roupa e eriçassem a pele retinta. O aroma de almíscar selvagem invadia o ar e embriagava os seus sentidos.

Deitou-se na cama de olhos fechados. A luz da lua vinda da janela trouxe nuances azuladas às paredes brancas do quarto. Uma de suas mãos tateou um telefone fixo na mesa de cabeceira. Apertou uma única tecla. Ligava para ele todas as noites. Cada curva de seu corpo conhecia muito bem a voz grave e rouca que a chamava de ‘minha preta’. Buscava, tocando os seios, desbravar os pontos erógenos que ele parecia ter tatuado em suas auréolas. Lis, dentre gemidos, movimentava sua mão aos comandos dele. O corpo transpirava. A respiração ofegante aquecia o bocal do telefone. Ele suspirava só com imaginar o movimento dos quadris dela, os dedos dos pés enganchando no lençol. Pedia que não parasse de se estimular, que tocasse cada pedaço da carne que ele tanto desejava deslizar sua língua úmida. Ofegava. O quarto parecia menor e mais quente. Obscenidades não ditas à mesa, eram disparadas como lenha, alimentando o círculo de fogo que os envolvia. O clímax não demorou a chegar para arrebatar seus corpos nus e excitados.

Lis abriu os olhos e o relaxamento veio de forma instantânea:

– Esteja pronto para mim amanhã, meu bem. – sussurrou.

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