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Uso de Nanobolhas para melhoria da qualidade de àguas poluídas é tema de pesquisa da FSP USP

Foto: Dra. Paula Vilela.

Demonstrar a viabilidade técnica, econômica e ambiental da aplicação de tecnologia de nano bolhas na melhoraria da qualidade das águas do rio Pinheiros é o objetivo de trabalho cientifico iniciado pela Dra. Paula A. D. Vilela, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação do Prof. Pedro Caetano Mancuso, docente do Departamento de Saúde Ambiental da mesma Faculdade.

Na literatura não há testes em desenvolvimento do uso do sistema de geração de nano bolhas em alta concentração e vazão em larga escala, em rios poluídos de grandes metrópoles. Entretanto, pesquisas têm demonstrado excelentes resultados com nano bolhas em novas aplicações, incluindo remediação de águas subterrâneas contaminadas, enriquecimento de solo para agronegócio, otimização de processo de flotação para tratamento de efluentes.

A tecnologia consiste na produção controlada de um fluido rico em nano bolhas, a partir de diferentes líquidos e gases, gerando uma dispersão dessas nano bolhas paramagnéticas de oxigênio, que promovem a alteração do estado físico do liquido fonte. Entre outras particularidades, ocorre a alteração dos padrões físico químicos, aumentando a saturação de oxigênio no meio, podendo chegar a concentrações de dezenas de miligramas de oxigênio dissolvido, mesmo após o período de aplicação, ainda que não haja nenhuma ação adicional de O2.

Foto: Dra. Paula Vilela.

Testes iniciais em pequena escala com águas superficiais demonstraram que o liquido submetido ao gerador de nano bolhas apresentou diferentes características comportamentais, que proporcionaram melhorias significativas nas propriedades de filtração, solubilidade, detergência, lubrificação, podendo favorecer também os processos de despoluição de águas poluídas, uma vez que a capacidade de desinfecção se eleva, em decorrência das altas concentrações de oxigênio dissolvido.  Além disso, a água facilita a solubilização das matrizes “O” de polissacarídeos, como as encontradas em biofilmes. Ao usar esta água tratada com nano bolhas, os biofilmes existentes são removidos durante aplicações repetidas, não sendo formados novos, de forma a mitigar o crescimento microbiano adicional.

A pesquisa a ser desenvolvida terá a orientação do Professor Dr. Pedro Mancuso, e o apoio da EMAE – Empresa Metropolitana de Água e Energia Elétrica e da empresa SB Engenharia e Geologia, detentora da tecnologia.

Os trabalhos de campo serão realizados juntos aos canais artificiais existentes na área da Usina de Traição (EMAE), que foram projetados com parâmetros de engenharia hidráulicos semelhantes aos do Canal do rio Pinheiros, simulando assim a condição real de fluxo e vazão.

O cronograma de atividades terá a duração de 14 meses, para verificação do comportamento do sistema em condições distintas.  A operação do gerador de nano bolhas poderá ser de até 24 horas por dia, em períodos contínuos ao longo da duração do projeto. O equipamento é totalmente automatizado, sem a necessidade de adição de produtos químicos.

O monitoramento das águas superficiais será através de um protocolo de amostragem. Durante a realização dos testes, os seguintes parâmetros serão determinados in-situ; pH, Temperatura, ORP (Potencial de redução-oxidação), OD (Oxigênio dissolvido) e Condutividade Elétrica.

Nas amostras decorrentes das campanhas de coleta, serão realizadas as seguintes análises laboratoriais:  COT (Carbono orgânico total), Escherichia coli, Surfactantes, Sulfetos, Toxicidade, Sólidos Totais e Dissolvidos, Fósforo, Série Nitrogenada, DBO e DQO.

Vale salientar que a motivação do projeto, além da avaliação da melhoria da qualidade das águas do rio Pinheiros, consistirá também na análise da capacidade de diminuição de volume de lodo gerado e de sólidos suspensos, podendo levar à uma redução nos custos operacionais dos equipamentos de bombeamento, somando-se a eventual melhoria das águas no canal e, consequentemente, à capacidade de geração de energia elétrica na Usina de Henry Borden.